31.8.09

alerta à navegação

O fim-de-semana passado tive a fortuna de ir até ao Algarve aproveitar algumas das melhores praias portuguesas e recordar tempos de juventude e a infortuna de ter perdido uma hora no centro de Albufeira. A minha relação com o Algarve há-de ser semelhante à de muitos outros portugueses, cuja família gastou, durante anos, 15 dias de férias no Verão na região sul: um sentimento de nostalgia e carinho por algumas das localidades mais feias e descaracterizadas de Portugal. A minha relação umbilical com o Algarve é na Quarteira, destino de muitas pessoas da classe média nos anos 80 e 90, e uma das vilas mais feias no sudoeste europeu. Foi aí que passei duas semanas todos os verões dos meus primeiros 15 anos de vida, e onde voltei mais tarde, inexplicavelmente, por duas vezes. Albufeira, essa, descobria-a a pouco e pouco, primeiro com os meus pais, puto e sóbrio, mais tarde com os amigos, puto e bêbedo. E naquela altura, anos 90, aquilo fazia sentido e até era bonito, tendo em conta o provincianismo português, e o meu. Todos os néons, a animação dos bares, o domínio estrangeiro, as inglesas boas, era tudo fantástico e, para muitos, o mais próximo que se conseguia estar de ir ao estrangeiro. Agora, vários anos depois, isso continua, e até aceito que continue, dado que é o que fez crescer a vila, alimenta as famílias e anima as pessoas que gostam daquilo. Só não aceito que se piore tudo vezes sem conta, que se construa prédios em cima de prédios, se acimente parte da praia dos Pescadores, para as estrangeiras poderem andar facilmente de saltos agulha, e que se coloquem duas escadas rolantes exteriores do estacionamento até à praia, para o mesmo efeito. Albufeira é feia e igual a tantos outros sítios turísticos na Europa desenvolvida e "turística". Por isso, Albufeira irá morrer sobre o peso dos turistas ingleses com menos de 20 anos, que um dia decidirão ir para outro sítio, onde haja praia e pessoas de outras nacionalidades. E nessa altura, não haverá nada a fazer para a recuperar e todos os presidentes de câmara da localidade devem ser julgados por homicídio voluntário, com destaque para o último que levou a cabo as mais recentes obras, o sr. Desidério Jorge Silva. Portugueses, alerto-vos, não vão para Albufeira: irão sentir-se tristes e envergonhados. E o vosso bom gosto corre risco de morte.

28.8.09

h1n1

Hoje, lavei as mãos seguindo os preceitos aconselhados pela Direcção Geral de Saúde, que devem demorar entre 40 a 60 segundos a ser implementados. Demorei um pouco menos, sequei-as, abri a porta com o cotovelo e dirigi-me à minha secretária. Lá, abri uma gaveta com o pé, calcei umas luvas de latex e liguei para a Universidade de Coimbra a pedir equivalência para uma cadeira no curso de medicina.

26.8.09

preso

Infelizmente, a agorafobia impedia-o de sair à rua. E de se registar no facebook.

roots

Apesar de tudo, Davide era feliz. Tinha os seus amigos, poucos, os seus pais davam-lhe alguma roupa de marca e andava sempre acompanhado de seu cão. Tinha uma família numerosa, dois irmãos mais velhos e sabia ler. Não sabia lutar, mas corria rápido. Mas, "apesar de tudo" porque tinha a alcunha de "Merdas", ou "O Merdas". A alcunha, ao contrário do que alguns pensavam, não era derivada do seu pai, o Ti Rui, ter um tractor com um reboque limpa-fossas e ser o responsável por que as fossas das pecuárias das várias aldeias da região não transbordassem da merda dos porcos. Também não era, como outros pensavam, principalmente os que assistiram, derivada do dia em que, depois de mais de três horas a apanhar batatas para a sua tia, se borrou pelas calças abaixo, por ter estado a comer uvas curadas com veneno e por não ter tido tempo para as baixar. A alcunha "Merdas" surgiu da imaginação do seu melhor amigo, o Rui, depois de Davide ter recusado ir brincar aos bombeiros pois queria ir espalhar esterco com o seu avô, pai e tios no batatal, para adubar a terra. Segundo argumentou nesse dia, tal como dois dias depois, quando foi confrontado no recreio da escola pelo Rui, e pelos mais 10 miúdos desejosos de gozar com ele, tinha um gosto especial em espalhar o esterco pelos campos, principalmente de estar empoleirado naquele monte de merda de vaca, misturado com palha, com os botins calçados e as calças por dentro deles e uma forquilha na mão, com a qual pegava em pedaços de esterco e atirava tentando criar uma camada homogénea sobre a terra que semanas depois viria a ser cultivada e meses depois daria batatas. Aí, argumentou, sentia-se livre e sem responsabilidades que não fosse levar a vida à terra. Explicou ainda, com muito orgulho e imensa surdez perante os risos histéricos que se acumulavam no crescente grupo que o gozava, até tinha começado a gostar do cheiro. Desde esse dia, perdeu o nome Davide e, na aldeia e na escola, todos o passaram a tratar por "Merdas", ou "O Merdas". Só conseguiu voltar a ouvir o seu nome de baptismo com mais frequência que a miserável alcunha quando entrou na universidade, o primeiro caso na família, um orgulho para os avós. Aí todos o tratavam por Davide. Mas ao fim-de-semana e nas férias, quando partilhava minis com os amigos ou conhecidos no café, continuava "O Merdas". Com o tempo, no entanto, essa ligação nominal à sua aldeia foi-se deteriorando, tal como a ligação física, diga-se, até que desapareceu. Os seus irmãos e primos, os que ficaram na aldeia, estavam proibidos pelas mulheres de pronunciar essa alcunha junto dos seus filhos bebés e, com o tempo, esqueceram-na. Apenas voltou a ser utilizada num Natal, anos mais tarde, quando as crianças já dormiam e a família, numerosa, digeria o bacalhau com umas garrafas de aguardente e de licor abacial e recordava os únicos anos em que foram felizes. Antes de o trabalho lhes ocupar todas as horas que o sol estava disponível. Depois de Ti Rui e a mãe de Davide terem morrido, num acidente com o tractor e o limpa-fossas, um mais moderno e com mais capacidade de armazenagem, "O Merdas" nunca mais voltou à aldeia. Nas partilhas das heranças abdicou de tudo e os irmãos passaram a visitá-lo com maior frequência na cidade onde trabalhava e onde estes iam fazer compras. A ligação à aldeia onde nascera e à alcunha que lhe marcara a juventudo perderam-se. Até recentemente, quando, chegado a casa, Davide se sentou na sua chaise longue, respirou fundo, recordou o que havia feito à sua vida amorosa e desejou estar a espalhar merda no campo. Aí, apesar de tudo, sentia-se feliz.

25.8.09

bye bye motherfuckers

Para todos os gajos portugueses e brasileiros que linkaram os meus posts da Olivia Wilde e da Rosa do Canto e que me andaram a lixar o contador de visitas, digo, apenas, fuck you!

24.8.09

lunch time

Bebeu dois copos de absinto, de penalty. Sentiu e controlou o vómito. Pegou nas folhas em branco e comeu-as. No seu estômago, o suco gástrico fez o seu trabalho e, passadas duas horas, regurgitou um livro. Esfregou-o bem com uma toalha humedecida, para limpar o verde do absinto, e secou-o com o secador do seu pai. Foi ao frigorífico e bebeu leite gordo directamente do pacote, vomitando logo de seguida para a pia. No vómito ainda lá viu algumas folhas riscadas. Lavou os dentes, limpou a boca, ligou ao seu agente e marcou um almoço, para lhe apresentar o livro. Antes de terem acabado os aperitivos, já o livro estava lido. «É uma obra-prima». O agente pediu o menu e leu-o em voz alta.

21.8.09

london by fall

«Que é que estás a fazer, rapaz?»

A pergunta feita por aquela voz conhecida fê-lo estremecer dos pés à cabeça. Depois da hesitação inicial em responder, confessou «Pai, sofro de transtorno obsessivo-compulsivo

«Sofres de quê?»

Percebeu logo ali que iria ser difícil o pai aceitar essa doença, que até aí desconhecia

«Transtorno obsessivo-compulsivo. Uma doença da cabeça.»

«Doença na cabeça?! Mas o que é que essa doença faz? Podes morrer?»

Pois...

«Não, não posso morrer. Simplesmente tenho de ter as coisas muito arrumadinhas... Não tem nada de mal.»

«Ter as coisas arrumadas?»

«Sim... tem de estar tudo simétrico. Até estou a pensar arranjar um segundo cão."

«Mas tu estás parvo? O teu país declarou guerra à Alemanha há dois meses e tu queres ter as coisas arrumadas? Trata é de apanhar ratazanas e de as vender! A fome vai chegar não tarda.»

«Os clientes gostam mais assim» disse entredentes «Aumentei a venda de ratazanas só por as alinhar assim.»

«Só podes estar maluco! Na Grande Guerra não conseguia apanhar ratazanas que chegassem para tanta procura. Não precisava de as por direitinhas. Estavam dentro de um saco, aos montes. E estavam fresquinhas! Não são como estas que andas praí a vender. Apanhadas nas linhas de comboio... as minhas eram do campo. Mas tu não te dás sequer ao trabalho de percorrer 5 milhas de manhã.»

«Pai. Já lhe expliquei que sofro das costas. Não posso andar com um saco de ratazanas às costas durante 6 milhas. Não são só 5. Por isso é que comprei este carrinho de mão tão jeitoso. E não me diga mal das ratazanas, que ainda ontem me disse que não comi um estufado tão bom desde que a mãe morreu com os intestinos desmanchados.»

«Sim, mas grelhadas não prestam para nada. Parecem borracha!»

As lágrimas começaram a correr-lhe pela cara. Não aguentava mais. Possivelmente, tinha apanhado o transtorno obsessivo-compulsivo por causa do pai lhe estar sempre a ralhar e a bater com a bengala na cabeça. Decidiu que nada seria o mesmo desse dia para a frente, enquanto tentava evitar que as lágrimas caíssem para cima das ratazanas. Afagou o cão que o olhava estupefacto, retirou as duas últimas ratazanas que estavam no carro-de-mão, alinhou-as e começou a apregoar. Nem viu o pai ir embora. Nesse dia bateu o recorde de venda de ratazanas da estação de Paddington, mas não conseguiu ficar feliz.

Morreu em Fevereiro de 1941, altura em que já era conhecido como o "Certinho de Paddington Railway". Por essa altura, vendia cerca de 300 ratazanas por dia. E tinha dois cães.

20.8.09

copy cats

Já começa a chatear. Em Portugal, basta vir alguém com uma ideia diferente (que neste particular até considerei interessante) que aparece outro a copiar. É há vários anos com os fogos postos e é agora com as bandeiras monárquicas. Parece que agora são uns quaisquer betos de Cascais que, estando em férias de verão e acharem nojento ficar com as mãos sujas de tinta de grafitti, se lembraram de ir hastear bandeiras monárquicas na Cidadela de Cascais. Opção estranha quando podiam estar numa qualquer garagem da linha a snifar coca e a jogar PES, mas gostos são gostos. O que irrita mesmo é a falta de imaginação. Em Portugal, no geral. Eu até suportaria variantes da piada inicial (Bandeira FCPorto no Dragão pela do Benfica; o Paulo Bento pela estátua do Marquês de Pombal; etc) mas repetir a façanha passo-a-passo, inclusive a criação do blogue, é falta de imaginação. E o interessante é que, à semelhança dos fogos postos, os repetidores é malta sem nada para fazer. Nas matas, tudo começa com os loucos pirómanos ou os interessados empregados de papeleiras e acaba com grupos de gajos a quem proibiram a entrada no café concerto da vila mais próxima. No caso das bandeiras é mais ou menos o mesmo, com as devidas adaptações. Inovem, por favor.

18.8.09

algo sintético, se faz favor

A descrição do meu blogue (aquele texto que está por baixo do nome do blogue) - a partir de agora vou começar a escrever a palavra blogue em português correcto, pois se ainda não me convenci sobre os atletas nacionalizados a representar Portugal, também acho que devemos diminuir ao máximo os estrangeirismos que utilizamos, excepto quando falamos de grandes penalidades, pois aí eu acho que deve ser penalty, porque tem mais piada - está uma merda. Aceito sugestões. Eu sempre tive alguma dificuldade em definir ideias e em sintetizá-las.

17.8.09

be it

"P'ó caralho com tudo!" gritava ele esvaziando os pulmões cheios de tabaco. "P'ó caralho!!!" Estava indignado, como se podia ver. E, segundo algumas das pessoas que o conheciam, tinha razão para o estar. Confidenciavam umas às outras: "Eu não diria 'P'ó caralho!!' mas concordo com ele. Mas nunca se sabe. O Mundo é pequeno". Ele saiu a correr e há quem diga que nunca mais o viram. Eu acredito que alguém o terá visto. Principalmente as pessoas com quem ele se terá cruzado na corrida de fuga, bem como aquelas que terá encontrado no seu ponto final. Eu, pelo menos, voltei a vê-lo. Estava na fotografia da contracapa do livro da sua autobiografia publicada anos após a sua morte, algumas décadas depois da fuga e do corte com a vida passada. Os outros que o conheciam estavam mortos. Eu não. Era miúdo quando ele fugiu e gritou "P'ó caralho!!!", frase que eu nunca mais esqueci e pela qual cheguei a apanhar nas orelhas dos meus pais, por a repetir no meio da sala, quando via os desenhos animados às 7h00 da manhã. Por debaixo da fotografia, através da qual eu identificava um homem que tinha ar de avô do homem que eu realmente vi fugir, estava uma biografia colocada pela editora, que, a meio dizia que a sua mulher se tinha suicidado, depois de ter morto os filhos, tal fôra o desgosto resultante da fuga. Lido isto, voltei a olhar para a capa onde, por baixo do título, estava citada a seguinte frase do autor: "Fui, para que os meus fossem felizes".

o benfica jogou em casa

Aos 17 anos, fui acampar, pelo segundo ano consecutivo, para o parque de campismo da Quarteira com os meus amigos. Não me perguntem porque é que decidimos ir para a Quarteira, porque, sinceramente, não me lembro da razão da escolha e actualmente não lhe encontro grande lógica, além de que não é relevante para o que vou contar. A verdade é que nesse ano, depois de uma experiência muito positiva no ano anterior, as expectativas estavam em alta. E, realmente, o ano transacto foi superado: grupo maior, mais bebedeiras, mais droga, mais miúdas e mais lições de vida. Uma delas foi a da expressão: "o Benfica joga em casa." Sim, admito que aos 17 não conhecia uma das expressões mais infelizes no português popular, e muitos dias andei na ignorância enquanto os meus amigos (mais velhos uns anos, diga-se) andavam a comentar o facto de um deles não conseguir ter sexo com uma rapariga que já tinha estado com o meu primo, que não tinha ido connosco, mas que estava no parque de campismo antes de lá chegarmos e se foi embora poucos dias depois. Acontece que, depois de esse meu amigo ter desdenhado a miúda, a conheceu e conquistou com o seu cabelo louro descolorado e espetado, até surgir a hipótese de conseguir facturar. Tudo correu bem até ele confessar que não tinha corrido bem porque o Benfica jogava em casa nos próximos dias. E assim continuou. Apesar de uma visita ao balneário misto com a dita miúda e de uma tenda partida como resultado do entusiasmo provocado nesse mesmo chuveiro, lá voltou o meu amigo para a sua vida normal no nosso bairro, frustrado e com vontade de sexo. Ora, ontem, depois de alguns jogos na pré-época melhores do que quase todos os outros do século XXI, foi com muito ânimo que os milhões de benfiquistas (sim, ontem éramos novamente seis milhões) viram a sua equipa entrar em campo, pronta a deixar o Marítimo sem andar durante uma semana. No entanto, esses milhões esqueceram-se que lidar com portuguesas não é o mesmo que lidar com as estrangeiras que cá vêm passar férias, que são despreocupadas e até se estão a lixar para o preservativo, tal é a bebedeira. Logo no início, a falta de beleza tirou logo as forças ao Glorioso, habituado a italianas e holandesas, seguindo-se uma inúmera série de cortes aos seus avanços e a uma atitude muito defensiva que espalhou a frustração por todos os que estavam a assistir. Mesmo com uma abordagem mais agressiva na segunda parte do jogo, com as várias ameaças de concretizar e as expectativas de que, no final, iríamos sair todos ainda mais felizes por ter conseguido dar a volta a algo difícil de penetrar, a coisa não correu bem. Quando estávamos quase a facturar, o nervoso levou as forças, e, no final, as coisa só se compôs porque, tal como ao meu amigo, lá lhe deram um gostinho. Só para esvaziar os tomates. E lá foi a malta para casa, meia satisfeita, mas a aguardar muito mais. Ontem percebi definitivamente a expressão do "Benfica jogar em casa".

14.8.09

sexta-feira, 14

Hoje não é um dia bom. Pode vir a ser e até há razões para o ser. Mas não é. Pode melhorar, é certo, mas quando os dias não são bons a esperança é pouca de que a coisa melhore. Acho que sei porque é que o dia não é bom. Há várias razões, aliás, e nenhuma delas interessa para aqui. Enquanto escrevo, oiço Samuel Úria, uma futura estrela da música portuguesa, e a música diz-me o que se passa: "Recuamos para a frente (...) avançamos para trás" reflecte uma imagem que não devia existir e que, de tempos a tempos, me aparece à frente. Lembro-me de quando, enquanto criança de 3, 4 ou 5 anos, os meus pais me compraram um balão, daqueles à séria, que voa, com hélio, no arraial perto de casa da minha avó. Chegado da festa, a sair do carro, larguei o balão. No mesmo segundo, desatei num pranto, enquanto não percebia porque o meu pai não disparou a subir pelas escadas exteriores, que se iniciavam junto à nossa garagem ao ar livre, e apanhou o balão. De certeza que o tinha apanhado, disse-lhe enquanto soluçava do choro, e pensei eu durante anos. Mais tarde comecei a questionar-me se realmente é possível largar o balão e ainda o apanhar se se subir as mesmas escadas com rapidez. A idade dá-nos a ideia que isso não é possível. E, possivelmente, não é. Um dia irei testar isso. Comprarei um balão, largo-o no mesmo sítio onde o fiz há mais de 20 anos e subirei as escadas a correr. Apanho-o, não o apanho, ou tudo depende do vento.

13.8.09

carta aberta

Exmo. Sr. Brasileiro que linkou uma página do meu blog,

Antes de mais, deixe-me dar-lhe os parabéns pelo seu bom gosto por mulheres, principalmente pela belíssima Olivia Wilde. Foi por ter gostos semelhantes que a fiz um post com as fotografias da senhora.
Infelizmente, criou-me um grave problema de afirmação pessoal, o qual passo a explicar:
No passado dia 6 de Agosto de 2009 instalei, por curiosidade, um blog counter no meu email. A ferramenta, o mui práctico e informatico ExpertCounter.com, começou, desde logo, a marcar visitas ao blog o que, sinceramente, me surpreendeu e mereceu um post de auto-congratulação. Mas isso era só o início. No dia seguinte, quando o counter me apontou mais de 50 visitas, o meu ego atinjiu picos há muito nao alcançados o que, confesso, foi um incentivador para continuar a alimentar este quase moribundo espaço. Contudo, que choque o meu quando, após algum tempo perdido a conhecer o Expert Counter e as suas ferramentas, me deparo com o facto de cerca de 90% das visitas, se não mais, virem do Brasil e serem directamente para o link do post da Olivia Wilde. Imagine o choque! Ponderei entre apagar o post ou fechar o blog! Mas, por respeito aos meus fiéis leitores (agora sei que são apenas dois ou três e não me atrevo a utilizar a palavra fiéis) decidi manter-me firme e apenas lhe escrever esta carta, a qual espero que leia, qualquer dia, quando um dia decidir seguir os links que faz no seu blog/site e resolver ver o resto do conta-me Estórias. Que até vai tendo outras mulheres bem mais interessantes que a Olivia. Peço-lhe, sinceramente, que apaque o link, só para não me criar mais euforia desnecessária.
Os meus agradecimentos antecipados.

Atenciosamente,
ODE

11.8.09

mais uma razão para sermos espanhóis


Sara Carbonero, a repórter desportiva mais sexy do mundo

10.8.09

road to...

Sorridente, olhou, para um lado, olhou para outro. Nada viu. Olhou por cima do ombro, primeiro disfarçadamente, até que se virou descaradamente de costas. Continuou a sorrir. E assim ficou, a gozar esse sorriso até que ele se foi esfumando com o tempo. A tristeza fê-lo voltar à posição inicial. Olhou em frente e fez um sorriso forçado. Deu dois passos em frente que o animaram, mas, mal pôs o pé na estrada sentiu uma pancada imensa. Voou 15 metros para o lado contrário para onde tinham ido os seus sentidos. Passado minutos, acordou, percebeu que não morrera, despertou, tentou perceber o que se tinha passado. Viu um camião ao longe, parado em cima da passadeira, com o motorista sentado em frente ao volante, a olhá-lo fixamente. Percebeu. Levantou-se a esforço, sacudiu a roupa, tentou perceber se algo estava partido. Nada. Olhou para um lado, olhou para outro, resignou-se estar no meio da estrada e seguiu caminho. Espera voltar a sorrir quando chegar a casa.

e não é que foi mesmo sanduíche de praia com sudoeste?!

Por vezes penso que já não tenho capacidade para conduzir 300 Km, tomar banho num balneário público depois da praia, mudar de roupa no carro, beber bebidas mornas e traçadas trazidas de casa (da tenda, neste caso) até (quase) cair, dormir no carro quatro horas, acordar a suar em bica, conduzir 30 Km, tomar o pequeno-almoço, ir para a praia, dormir das 11h às 13h na praia sob um sol escaldante, acordar (quase) escaldado, passar a tarde na praia, encontrar a Funcheira, voltar para Lisboa sozinho, esperar por imagens do concerto de Lily Alen e no dia seguinte estar a trabalhar como se nada se passasse, apenas com a memória de um memorável concerto e o bronze de dois dias fantásticos em Odeceixe e Malhão. Outras vezes penso que tenho.

7.8.09

sai uma sanduíche de praia com sudoeste

Amanhã sou capaz de ir ao Sudoeste. Já tenho o bilhete há semanas, mas não ando muito virado para dormir na praia. Primeiro é o frio depois o calor a transpiração a areia que se cola ao corpo a desorientação a ressaca até que, quando já me sinto confortável, estou morto de sono e tenho de regressar a Lisboa. Mas vou. Não há mais nada para fazer e tenho saudades das praias. Só tenho medo que me dê o sono muito cedo. Até aos 6, 7 anos, ou algo por aí, adormecia sempre nas festas: fosse na discoteca, no Carnaval ou nos arraiais populares: Tocassem o Zé Café e Guida ou os Lords, a banda mais famosa na zona onde fica a aldeia dos meus avós (dos maternos e dos paternos, que as raízes da família são todas do mesmo sítio). Os Lords era uma banda muito avançada para a sua época, com um som muito composto, o que os levava a ter muitos seguidores. No entanto, os meus pais diziam que o Zé Café e Guida eram melhores para bailes, mas que as pessoas viam os Lords porque o vocalista/teclista era cego. Eu concordei na altura. Agora não tenho opinião formada. Voltei a ver os Lords num arrail de São João, depois do Portugal-Espanha para o Euro2004. Já não levavam tanto público atrás e a justificação dada é que a crise afectava os arraiais. Não sei como. Bem, mas amanhã lá estarei na Herdade Casa Branca, se não me perder quando tiver de descobrir uma terra chamada de Funcheira e a sua estação de caminho de ferro.

PS-No meu périplo pelo Alentejo tenho pena de não ter visto Buraka Sound System e a Ebony Bones, de não ver hoje Zero7, Carlinhos Brown, Deolinda e Róisín Murphy e de domingo não ver a Lily Alen.

6.8.09

men can't dance

Dançava à chuva enquanto esperava por ela. Não se importava com os pés molhados, a roupa colada ao corpo ou com a água que lhe escorria do cabelo. De quando em vez colocava a língua de fora para beber um pouco da água que caía do céu. E ria-se. Hoje não se lembra ao som de que música dançava e cujo refrão cantava aos berros. Apenas sabe que foi feliz e que apanhou uma pneumonia que quase o matou.

surpresa

Por curiosidade, ontem instalei um contador de visitas ao blog, para saber até que ponto é que ele estava a definhar. Hoje descobri que ainda há quem me leia. Boa surpresa.

5.8.09

volta a portugal

Não sei porquê, mas gosto de ciclismo. Não sei porquê, mas o ciclismo entusiasma muita gente, em Portugal e no mundo. Em Portugal é mais estranho que no resto do mundo, porque os portugueses não ganham nada (apesar das boas prestações do Sérgio Paulinho, do José Azevedo e do Joaquim Agostinho). Penso que a fama do ciclismo se deve ao facto de ser um dos poucos desportos que se pode ver à borla e bem pertinho das "estrelas". Mas a verdade é que, em criança, adorava ver a Volta a Portugal. Perdia horas em frente à televisão e a brincar com os GI Joes, enquanto acompanhava o meu herói Vitor Gamito. Nunca ganhou na altura em que eu gostava dele, infelizmente. Perdeu para o Joaquim Gomes e para o Orlando Rodrigues, de quem eu não gostava na altura, mas de quem vim a gostar mais tarde, quando foram para a Sicasal. A época do ciclismo era o meu período mais animado das férias, até porque eu ajudava o meu pai que ajudava o meu tio que ajudava na organização do Circuito de São Bernardo, uma prova famosa no calendário do ciclismo em Portugal, e onde iam as principais estrelas do calendário nacional (Terei em casa um autógrafo do Vitor Gamito a atestar a presença dele no circuito). E o circuito era depois do final da Volta a Portugal. A única prova de ciclismo na qual participei foi na terra dos meus avós, e aí consegui um feito extraordinário, conseguindo vencer, na minha BMX vermelha, sem mudanças, a corrida do meu escalão e do escalão acima do meu. Fui ao palco e tudo, receber uma medalha, que ainda terei guardada como um dos poucos troféus que ganhei na vida. É claro que essa vitória apenas aconteceu porque o favorito, um miúdo com mais 3 ou 4 anos que eu, pedalou com muita força no início e a corrente saiu-lhe. Foi aí que aprendi a lição de gerir o esforço. Fora ele havia mais dois miúdos na corrida, o que diminuia a concorrência. E acho que um deles ainda tinha as rodinhas. Mais tarde participei numa prova de cicloturismo da escola mas tive muita dificuldade em subir uma ladeira, passando vergonha à frente de alguns colegas quando tive de levar a bicicleta a pé. Gosto de ciclismo, mas nunca quis ser ciclista. Cansa muito e faz doer o rabo.

chef chaouen

Há uns anos, em Marrocos, dei por mim a caminhar para uma morte da qual ninguém teria conhecimento por largas semanas. Ainda assim, continuei a caminhar. E sobrevivi incólome. Essa lição é das que se manterá in the back of my mind até ao fim do mundo. Inevitavelmente um destes dias acordarei com a garganta cortada.