30.11.07

3 anos e 30 dias depois (II)

Há alturas em que acredito na pureza da vida. Quando me vêm lágrimas aos olhos só de pensar nas pessoas boas que passaram pela minha vida e que me ajudaram a crescer. Obrigado a todos esses jornalistas.

3 anos e 30 dias depois

Um dia, com tempo, explico porque a "profissão" de jornalista já não é o que era. Pelo menos para mim.

Ich bin ein wiener

Só mais três dias. Não pedia mais. A cidade é quase perfeita e mais uma vez voltei a sentir-me arrebatado. A beleza de uma cidade digna de ter liderado um império, a cultura de um povo ilumidado, o frio de rachar (condimento fundamental para uma viagem de trabalho - apesar de não ter nevado), o melhor pequeno-almoço do mundo no hotel Intercontinental e a satisfação de fazer "amigos" novos. Na terra de Sissi não faltam mulheres lindas e, na minha primeira despedida da profissão de jornalista, ouciram-se temas da infância: Offspring, Nirvana e outros dos quais não me relembro. O álcool correu bem e a noite acabou a comer maçãs. A ressaca foi curada em lugares de classe executiva... eu fui feito para a classe executiva.

27.11.07

Vou andar três dias por aqui

4 dias para o final

Confesso que vou ter saudades de ter um director que, todos os dias, me chama gay.

26.11.07

WC (ou a estupidificação dos homens)

Desde sempre que as mulheres trataram os homens como uns atrasados mentais, quando se fala de limpeza do WC, particularmente da sanita. Ora, a minha futura ex-empresa atingiu um extremo recentemente, principalmente quando eu, como utilizador do WC e exigente com as suas condições, não tenho razões de queixa do cagatório local. Passo então a explicar: por cima da sanita está um papel com três frases. Uma delas é parva: "Utilize sempre o autocolismo (ele está aqui por alguma razão)". O aparte é logo uma mostra do pensamento da pessoa que estava a fazer aquilo. Era certamente mulher e, quase de certeza, mulher da limpeza. Mas o pior era uma ilustração, supostamente para exemplificar a utilização do piaçaba (nome lindo, já agora), a qual tem três desenhos. O primeiro mostra um homem a pentear-se com o piaçaba e a dizer que está errado, o segundo, exemplificando um uso mais ou menos correcto, mostra um homem a limpar o rabo com o piaçaba. O terceiro já mostra a utilização correcto do dito piaçaba. Quem fez aquilo, pensa, portanto, que os homens desta empresa, e em geral, são estúpidos ao ponto de se pentearem com o piaçaba, ou de não perceberem a sua utilização. Ou que gostam de ir a casas-de-banho sujas. Isto é uma ideia completamente parva que não faz qualquer sentido. São as putas das nazis dos WC!! Deviam ir limpar as casas-de-banho do festival Sudoeste...

Datas

Alerta para todos os meus amigos: eu não decoro datas! Um dos meus grandes defeitos sempre foi e sempre será, esquecer-me de datas, importantes ou não. Os problemas que isso me trouxe, no entanto, não se comparam ao peso com que fico na consciência, garanto-vos. No entanto, é algo que eu não consigo controlar pois a minha cabeça está sempre cheia de coisas inúteis e eu tenho uma incompatibilidade com agendas (deve ser do tipo de papel). Peço, portanto, com atraso para uns e em antecipação para outros, desculpa.

23.11.07

Estômago

O meu estômago é uma mistura de o de uma menina de 5 anos com o de um lenhador canadiano. Passo a explicar. Do ponto de vista físico, tenho estômago frágil. Uma cerveja mini (20 centilitros) tomada pouco tempo depois de jantar é o suficiente para me deixar uma noite sem dormir, com uma paragem de digestão. E até dá para no dia a seguir acordar a arrotar ao bife da véspera que, em vez de já andar para os lados do intestino delgado, ainda está a apodrecer no estômago. E isto é constante: quantas vezes virei o barco não porque tinha bebido que nem um cavalo, mas porque me parou a digestão. No entanto, tenho "estômago" para aguentar coisas chocantes, como a fotografia de um rim na capa do DN de hoje ou de cabeças espetadas em estacas, como vi num telejornal qualquer há algum tempo. Portanto, se me virem um dia a vomitar junto a um corpo de uma idosa atropelada por um autocarro da Carris não é porque esteja enojado, mas porque o iogurte que bebi nessa manhã tinha um prazo de validade que terminou no dia anterior.

100 posts

Quem diria que um gajo da província conseguiria chegar tão longe?!

22.11.07

Vanessa Ferlito

Gosto de mulheres com ar de cama.

Sonho

Hoje sonhei que tinha o cabelo rapado... realmente já pareço o Marco Paulo em 1991.

Despedida

- Posso não estar apaixonado por ti, mas és tu que me fazes sonhar com a minha vida perfeita. Ela sorriu, olharam-se nos olhos e abraçaram-se sob o sol de Inverno. Depois, cada um seguiu o seu caminho.

21.11.07

Adornos

Vive-se a época do "bling bling" nos jornais económicos.

Assim, não sei que fazer da minha vida...

Carneiro - 21/11/2007
Dia em que pode ser surpreendido muito agradavelmente; a vida sorri-lhe.
Dia de lutas; nalguns casos vai sentir-se mesmo hostilizado, mas não se deixe abater.

Maya, in Correio da Manhã

19.11.07

Política sem escrúpulos

Está mais que visto que o Governo de Sócrates tem uma política de relações internacionais que priviligia o contacto com países que trazem uma mais-valia económica para Portugal. Até aí tudo bem. Contudo, com a visita a Portugal de Hugo Chávez, marcamos a posição de que, além de termos uma visão economicista das coisas, também nos estamos a lixar para o facto dos nossos amigos não respeitarem as mais básicas regras de diplomacia internacional. Rússia, China e Venezuela. E Portugal compactua com eles, desde que consiga mais-valias económicas, como são o petróleo ou o gás. Interessante vão ser as reacções que os nossos irmãos espanhóis vão olhar para esta visita estatal, uma semana de Chávez os ter acusado de serem fascistas. Ou até dos brasileiros, que não podem com o demagogo venezuelano. Eu acho que deviam ser duros, pois nós apenas estamos a olhar para os oportunistas que precisam de um aliado que não lhes faça frente e que lhes abra a porta da Europa. Acho que ganharíamos mais em ser mais selectos com os nossos amigos, não vá a nossa família rejeitar-nos ou deixar de nos apoiar em alturas difíceis.

PS – Não farei muitos posts políticos, prometo, mas esta visita é ridícula.

Chuva (II)

Os finais de tarde de um dia de chuva mexem com as recordações. Lembro-me de passeios que dava ao frio e à chuva na companhia da pessoa perfeita da altura. Fugíamos às aulas e íamos comer castanhas ou beber chocolate quente no "Caffé di Roma". Depois dormíamos juntos com a possibilidade de não sair de casa no dia seguinte... Não tenho saudades da pessoa, mas de ansiar por momentos assim.

Chuva

O cheiro a terra que acompanha as primeiras chuvas do Outono lembram-lhe as tardes de sábado na quinta da avó. Já nessa altura, por volta da hora de almoço, desdobrava o pensamento entre divertir-se ou cumprir as responsabilidades (tardes soturnas fechado no mosteiro, onde frequentava a catequese). Querendo fazer o que "era certo", raramente confrontava a mãe com os desejos infantis de ser irresponsável. Merda de menino bem comportado!

16.11.07

Have a nice weekend


PS - Virei com certeza em melhores condições.

Isolation (II)

Mother I tried please belief me
I'm doing the best that I can
I'm ashamed of the things I've been put through
I'm ashamed of the person I am

Isolation

Tremer uma vez. Duas. Três. Mais. Até ao final e depois. Ver o filme da vida retratado num filme de película. Ou o contrário? O contrário não é. Mas será que estarei a ver bem? Estou. Merda! É isto mesmo!... mas num grau menor. Ufa!! Mas como não se sabe o que se quer? Pois…eu não sei. Nem sei como sou… Não saber qual dos sentimentos tem mais força…pior… não saber o que se sente. Certo ou incerto? Mais um dilema. O principal, aliás. Será o desejo de um porto de abrigo legítimo? Egoísta é, mas será legítimo? Viver o desejo fruto de uma cultura, viver o conforto, viver a certeza. Odiar o incerto, apesar de isso ser a fonte de nossa vida, a razão de acordarmos todos os dias. Odiá-lo, mas depender dele. Da surpresa, da paixão. És minha. (…) Tu sabes disso. Merda, ele não pode ter dito isto! Já não sou único, mas sei que o disse como se tivesse sido o único a pensá-lo. Fiquei de boca aberta e não falei durante os 100 metros no escuro. E agora? O que é que eu quero? As duas numa. Quero-a a ela. Merda, ela não é certa! E o que faço eu com o que percebi? Vivo…quieto, mas sem parar. Mas quero viver, juro, só não sei o quê. E quero aprender a vivê-lo. Preparar-me. Lio, explicaram-me. É como tu estás. Eu também. Preciso das duas? Consegue-se as duas? Paixão e certeza… Porque é que gostando dela não posso ficar contigo? Porque não. O mundo é dos que simplificam. Já o raciocínio… a droga dos indecisos, a causa de todos os problemas sentimentais. Próprios e alheios. E como consegue alguém olhar nos olhos, amar e dizer não? Não gosta…só pode ser isso. Via-me com ele daqui a 20 anos…mas agora não. Então esquece, nunca mais. E o futuro? Como sobreviver, feliz, num mundo de incertezas? Repleto de fotografias de um passado dorido…mal resolvido, por vezes? Tenho que fechar a porta. É isso que tem que ser feito. Será que depois disso vai correr bem? Com certeza. E agora? Desta vez não posso fugir para a frente. Isolation.

15.11.07

Frio ou carência?

Há alguns dias voltei a levar a televisão para o quarto. A minha vida caseira volta a resumir-se a 12 metros quadrados.

14.11.07

Porque somos egoístas (ou a falsa teoria da relativização)

Sofres mais com uma unha encravada no teu dedo que com a morte de 50 pessoas desconhecidas no Algarve, expliquei eu a uma amiga minha que me dizia que eu tinha de arrebitar (gosto desta palavra).

Parar

O frio cortava-lhe o espírito, ainda assim não conseguia deixar de pensar. Andava pelas ruas iluminadas a espaços, pensando. Era a única coisa que fazia bem e, mesmo assim, não era coerente. Todo o filme que lhe passava na cabeça o desiludia. Tinha falhado. O objectivo de vida que empunhava com maior orgulho não estava lá. Era uma qualidade que só ele conseguia ver e, agora, apercebia-se que era cego. Arrefeceu nos últimos dias. Continuava a andar e a pensar até que parou. Não sabia onde estava, mas o fim do vento fê-lo despertar para a realidade. Estava escuro, mas não estava frio. Percebeu que estava num ponto abrigado. Deve ser o único da cidade. Aproximou-se da parede e sentou-se no chão. Aninhado, adormeceu.

O que se terá passado? perguntou, olhando para aquele corpo encolhido num beco sem sol.
Mais um que morreu ao perceber que ninguém se deixou convencer pelo seu amor. respondeu alguém que o tentava meter na maca.

13.11.07

Reunião de família

Juntaram-se na terra mãe os irmãos de alcobaça (x2), coimbra (x2), lisboa (x2), loulé e de algures em marrocos. Um fim-de-semana em grande para esquecer os poblemas. E já houve três parceiras metidas ao barulho, talvez um recorde histórico. Estamos a crescer!

"Acidente" na A1

Podia ter escolhido ir de comboio ou de carro, podia ter optado por ter ido mais cedo, podia ter escolhido parar noutra estação de serviço, podia não ter seguido aquele carro, podia não ter ligado. Tal como William James, eu sou um defensor da teoria que defende que a linha do destino é traçada de acordo com as nossas decisões. É o livre-arbítrio.

8.11.07

Dondocas

Quero ser dondoca! Esta frase saiu da boca de uma amiga que tinha como lema de vida "tenho uma relação enquanto sou feliz e não estou para me chatear". Causou choque. Ainda mais quando é a quarta mulher no espaço de poucos meses que oiço dizer isto. Quero ser dondoca! Mas que tendência é esta que afecta grande parte das mulheres e alguns homens e que retira hipóteses de sucesso a quem tem um amor genuíno, mas pouco dinheiro? Primeiro que tudo, esta não é uma atitude nova: no tempo dos nossos pais, muitas mulheres e homens casavam apenas para se emancipar. Podia não ser o amor que conduzia isso, mas sim a oportunidade. Hoje em dia, as pessoas saem de casa sozinhas, pelo que casam menos, é lógico, no entanto, continua a haver a procura da vida melhor quando se procura o outro, mesmo que inconscientemente. E qual o peso do factor "vida melhor" quando nos apaixonamos? Não se sabe, depende da pessoa e pode ir desde o aquele homem garante-me o futuro apesar de eu ir ser miserável até ao aquele rapaz é o mais lindo do mundo e ainda por cima já tem carro. A verdade é que acontece, independemente do sexo da pessoa. E isto traz um grande problema: qual é o papel neste filme de um gajo de 25 anos que não está interessado em miúdas de 20 anos (também porque não as conhece), que não tem pais ricos e que não permite a ninguém pensar com este gajo é que vou organizar a minha vida? Não sei, mas não é fácil. Além disso, há o factor preocupante da legitimidade da relação. Em que é que poderão acreditar os "corações moles" (como eu)? A partir do momento que percebem este lado escuro da sociologia do amor não vão ficar de pé atrás? Sim. E os gajos(as) com dinheiro: podem acreditar na pureza dos sentimentos do outro? É difícil. Vivemos num mundo que se complicou com o individualismo e em que se deixou de pensar no outro. Eu não quero esperar até aos 30 anos, quando tiver casa e dinheiro no banco, para poder ter uma vida a dois. Gostava de o fazer por amor. Apesar de, de vez em quando, pensar que gostava de ser dondoca.

Disclaimer – Em todas as últimas três relações que tive, as miúdas tinham carro e casa própria. E gostei delas todas, garanto. A última deu-me a hipótese de ser dondoca, mas dessa gostava eu de cuidar dela.

PS – Com carro, casa própria e maior ordenado, considero que as coisas vão ficar mais equilibradas. Apesar de, no íntimo, acreditar na treta do amor e uma cabana.

Pesos e medidas

Considerando que o Presidente da República não se pronuncia frequentemente sobre acontecimentos não estatais, será que o perónio partido de Figo merece as suas declarações públicas apenas um dia depois de ter dado as condolências aos familiares das vítimas de Castelo Branco? Parece-me que as duas coisas não têm a mesma importância, ao contrário do que ele deu a entender...

O acordar

Acorda, o pequeno almoço está pronto. Queres leite ou iogurte?
Ouvia isto todos os dias, seguido de uma viagem a cantar músicas alegres e a ver o mar. Candidatas?

6.11.07

Eu vejo a "Letra L"

Mulheres lindas a foderem a cabeça umas às outras. Não pode haver melhor.
A terceira série passa diariamente na RTP2 por volta das 00h30.

PS - Desculpem a merda de foto, mas o site oficial não tem melhor...

Do que Quero (Ricardo Reis)

Do que quero renego, se o querê-lo
Me pesa na vontade. Nada que haja
Vale que lhe concedamos
Uma atenção que doa.
Meu balde exponho à chuva, por ter água.
Minha vontade, assim, ao mundo exponho,
Recebo o que me é dado,
E o que falta não quero.

O que me é dado quero
Depois de dado, grato.

Nem quero mais que o dado
Ou que o tido desejo.

Se ainda tivesse dúvidas

As projecções do Governo norte-americano colocam-na [jornalismo] entre as piores profissões do século XXI. A Federação Europeia de Jornalistas defende que se está a atravessar uma crise dramática na profissão. in Jornal de Negócios

I love tennis (II) – Daniela Hantuchova


Postal (ou o prenúncio de um dia de merda)

Hoje de manhã senti-me como um estrangeiro em minha casa. Ao acordar, às 6h30 da manhã, estranhei os tons laranjas que pintavam a parede do meu quarto oposta à varanda. Virei-me, levantei a cabeça e vi o mais extraordinário nascer do Sol que alguma vez me lembro de ter assistido. O Sol ainda não se via e devia ter clareado há muito pouco tempo. Os três tons azuis e cinzentos do Tejo acabavam repentinamente num castanho escuro da Margem Sul. Seguia-se o mais vivo laranja que depois de ia esbatendo em vários tons até passar ao branco e depois ao azul. Este, por sua vez, ia escurecendo, até que, no topo do quadro (limitado pela porta da varanda) aparecia a lua numa fase posterior ao quarto minguante. Era o postal perfeito. Um momento que queria ter partilhado com todas as pessoas que estimo.

PS - Tanta fortuna, aliada a outras visões invejosas a caminho do jornal, não podia ser gratuita. A esta hora da manhã já me stressei com todos os problemas que tive para estacionar o meu carro (quando isso deveria ser fácil). E ainda mais deve estar para vir. Eu não acredito num Deus castigador, mas num Deus compensador. E hoje de manhã foi bom demais.

5.11.07

Sonhos

Acorda a meio da noite sem perceber o que se passou. Abre os olhos e reconhece-a, a dormir ao seu lado. Adora-a perdidamente. Devia estar a sonhar. Desprende o braço que a envolve, levanta-se e sai do quarto. Ela não pode acordar. Pelo caminho pega na roupa que ela lhe despiu sofregamente. Compreende o que se passou e a inevitabilidade de isso acontecer, mas não consegue deixar de chorar enquanto se veste na sala. Destranca a porta de casa lentamente, tentando não fazer barulho, e guarda a chave no bolso. Devia deixar bilhete...não, ela compreende. Amanhã volta para o seu mundo e esquece-me rapidamente. Enquanto desce no elevador do seu prédio não consegue esquecer-se do nome que ela pronunciou. Teria para todo sempre ciúmes daquele que ele achava ser o amor da vida dela.

Já havia alguma claridez quando abriu os olhos pela primeira vez. Sentia-se confortável fora da sua cama. Gostava dela. Primeiro choque: ele não estava na cama. Segundo choque: não se ouvia barulho na casa. Saltou do meio do amontoado de cobertores e, pisando a roupa que estava no chão, reparou que só lá estava a dela. Casa-de-banho, sala e cozinha estavam vazias. Assustou-se quando viu a porta sem chave. Foi ver o telemóvel: nada. Mas os dele estavam ao lado do dela. Foi comprar pequeno-almoço. Respirou fundo e deitou-se na cama. Ele não costuma fazer isso, é calão. Sorriu, para logo de seguida ter um novo sobressalto. Respirou fundo. Foi comprar o pequeno-almoço. Dentro de 15 minutos está aí. Esperou. Será que ele se foi embora? Uma hora depois vestiu-se. Estava há 30 minutos a chorar compulsivamente, sentia o mesmo que em criança, quando a deixavam sozinha em casa de tios ou avós. Sentia-se desprotegida. Desde aí, não chorou sem ser em sua casa. Pegou na mala e saiu. Sem perceber. Ontem eu disse sim... Fechou a porta. Enquanto descia o elevador lembrou-se que tinha tido um pesadelo com um ex-namorado. Um traste que até ontem não valia metade do seu futuro ex-grande amor.

Organizar a vida

Este fim-de-semana foi passado a descansar e a organizar a minha vida. Podia ter feito mais mas tive dois avanços: arrumei o armário da roupa e a gaveta das meias e cuecas; reforcei uma amizade até aqui um pouco confusa. Resultado: esta manhã consegui distinguir com enorme facilidade as meias azuis das pretas.

Cartas

Renovar uma carta de rescisão de contrato com menos de um ano de diferença faz-me pensar que sou alguém muito volátil. Renasce o medo de nunca me sentir totalmente satisfeito com aquilo que tenha ou faça. Ainda para mais quando a vontade de assentar é grande.

2.11.07

Magias

AHAHAH! O coelho saiu do fundo falso da cartola. Aquela miúda era muito irritante. Estava em todas as festas que o mágico dava e em todas elas descobria o truque. À noite, quando pensava em novos truques para presentear as crianças, o mágico tinha apenas como objectivo encantar aquela criança. As outras já não significavam nada. Eu hei-de conseguir, pensava ele na sua cama. A merda é que, de todas as vezes que tinha apresentado um novo número, ela desmascarava-o. Pensou em desistir. Por várias vezes. Mas tomou aquele como um desafio pessoal. Sabia que tinha capacidade para "enganar" a miúda. E amava demasiado a profissão para a abandonar. Mesmo que não dormisse antes de cada espectáculo, temendo que ela voltasse a descobrir o seu novo truque. Um dia, ela não apareceu e ele foi aplaudido de pé. Aquele dia levou-o a desistir da profissão.

As recordações voltam com o frio

A casa está gelada, disse ela mal punha o pé dentro do apartamento. Ele, contente, via nisso um convite ao abraço e tentava aquecê-la, esfregando-lhe os braços. Vamos para a cama!, dizia a tremer. Não tinham sequer passado nem cinco minutos desde que tinham chegado. Na altura não havia sala, eram só caixotes por desempacotar. Ele andava demasiado feliz e sem dinheiro para montar uma casa ou para se preocupar com isso. E também sabia que isso não era preciso. Ela gostava dele assim, simples, sem dinheiro e com uma casa que era o seu universo paralelo. Para garantir isso até estava disposta a pagar. Protegiam-se um ao outro dos males distintos que ambos viviam. Não queres comer nada?, perguntava ele, enquanto ela já se despia para se enfiar na cama, o único local que prometia calor naquela casa. Não, vem para aqui, tenho muito frio. Mal se enfiava na cama, aquele corpo alvo tremia de frio. Ele, tentado, despia-se rapidamente, fechava a porta para impedir correntes de ar [um gesto que era gozado] e entrava dentro da cama. Lá dentro, agarrava-se a ela durante cinco minutos, tentando cobrir o máximo do corpo dela, para a aquecer. Já sabia que depois disso vinha o sexo mais fantástico, seguido da melhor conversa de cama. Vamos pedir só mais quatro noites como esta. Resposta: Sim, mais quatro noites. A contagem acabou quando o frio se foi embora.

Parabéns a mim!!

Faz hoje três anos que entrei como estagiário no jornal salmão. Mantendo este ritmo de mudança até aos 75 anos, irei trabalhar em 16 áreas diferentes e em cerca de 32 empresas. Ao menos não morro de tédio.