14.11.07

Parar

O frio cortava-lhe o espírito, ainda assim não conseguia deixar de pensar. Andava pelas ruas iluminadas a espaços, pensando. Era a única coisa que fazia bem e, mesmo assim, não era coerente. Todo o filme que lhe passava na cabeça o desiludia. Tinha falhado. O objectivo de vida que empunhava com maior orgulho não estava lá. Era uma qualidade que só ele conseguia ver e, agora, apercebia-se que era cego. Arrefeceu nos últimos dias. Continuava a andar e a pensar até que parou. Não sabia onde estava, mas o fim do vento fê-lo despertar para a realidade. Estava escuro, mas não estava frio. Percebeu que estava num ponto abrigado. Deve ser o único da cidade. Aproximou-se da parede e sentou-se no chão. Aninhado, adormeceu.

O que se terá passado? perguntou, olhando para aquele corpo encolhido num beco sem sol.
Mais um que morreu ao perceber que ninguém se deixou convencer pelo seu amor. respondeu alguém que o tentava meter na maca.

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