5.11.07

Sonhos

Acorda a meio da noite sem perceber o que se passou. Abre os olhos e reconhece-a, a dormir ao seu lado. Adora-a perdidamente. Devia estar a sonhar. Desprende o braço que a envolve, levanta-se e sai do quarto. Ela não pode acordar. Pelo caminho pega na roupa que ela lhe despiu sofregamente. Compreende o que se passou e a inevitabilidade de isso acontecer, mas não consegue deixar de chorar enquanto se veste na sala. Destranca a porta de casa lentamente, tentando não fazer barulho, e guarda a chave no bolso. Devia deixar bilhete...não, ela compreende. Amanhã volta para o seu mundo e esquece-me rapidamente. Enquanto desce no elevador do seu prédio não consegue esquecer-se do nome que ela pronunciou. Teria para todo sempre ciúmes daquele que ele achava ser o amor da vida dela.

Já havia alguma claridez quando abriu os olhos pela primeira vez. Sentia-se confortável fora da sua cama. Gostava dela. Primeiro choque: ele não estava na cama. Segundo choque: não se ouvia barulho na casa. Saltou do meio do amontoado de cobertores e, pisando a roupa que estava no chão, reparou que só lá estava a dela. Casa-de-banho, sala e cozinha estavam vazias. Assustou-se quando viu a porta sem chave. Foi ver o telemóvel: nada. Mas os dele estavam ao lado do dela. Foi comprar pequeno-almoço. Respirou fundo e deitou-se na cama. Ele não costuma fazer isso, é calão. Sorriu, para logo de seguida ter um novo sobressalto. Respirou fundo. Foi comprar o pequeno-almoço. Dentro de 15 minutos está aí. Esperou. Será que ele se foi embora? Uma hora depois vestiu-se. Estava há 30 minutos a chorar compulsivamente, sentia o mesmo que em criança, quando a deixavam sozinha em casa de tios ou avós. Sentia-se desprotegida. Desde aí, não chorou sem ser em sua casa. Pegou na mala e saiu. Sem perceber. Ontem eu disse sim... Fechou a porta. Enquanto descia o elevador lembrou-se que tinha tido um pesadelo com um ex-namorado. Um traste que até ontem não valia metade do seu futuro ex-grande amor.

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