8.11.07

Dondocas

Quero ser dondoca! Esta frase saiu da boca de uma amiga que tinha como lema de vida "tenho uma relação enquanto sou feliz e não estou para me chatear". Causou choque. Ainda mais quando é a quarta mulher no espaço de poucos meses que oiço dizer isto. Quero ser dondoca! Mas que tendência é esta que afecta grande parte das mulheres e alguns homens e que retira hipóteses de sucesso a quem tem um amor genuíno, mas pouco dinheiro? Primeiro que tudo, esta não é uma atitude nova: no tempo dos nossos pais, muitas mulheres e homens casavam apenas para se emancipar. Podia não ser o amor que conduzia isso, mas sim a oportunidade. Hoje em dia, as pessoas saem de casa sozinhas, pelo que casam menos, é lógico, no entanto, continua a haver a procura da vida melhor quando se procura o outro, mesmo que inconscientemente. E qual o peso do factor "vida melhor" quando nos apaixonamos? Não se sabe, depende da pessoa e pode ir desde o aquele homem garante-me o futuro apesar de eu ir ser miserável até ao aquele rapaz é o mais lindo do mundo e ainda por cima já tem carro. A verdade é que acontece, independemente do sexo da pessoa. E isto traz um grande problema: qual é o papel neste filme de um gajo de 25 anos que não está interessado em miúdas de 20 anos (também porque não as conhece), que não tem pais ricos e que não permite a ninguém pensar com este gajo é que vou organizar a minha vida? Não sei, mas não é fácil. Além disso, há o factor preocupante da legitimidade da relação. Em que é que poderão acreditar os "corações moles" (como eu)? A partir do momento que percebem este lado escuro da sociologia do amor não vão ficar de pé atrás? Sim. E os gajos(as) com dinheiro: podem acreditar na pureza dos sentimentos do outro? É difícil. Vivemos num mundo que se complicou com o individualismo e em que se deixou de pensar no outro. Eu não quero esperar até aos 30 anos, quando tiver casa e dinheiro no banco, para poder ter uma vida a dois. Gostava de o fazer por amor. Apesar de, de vez em quando, pensar que gostava de ser dondoca.

Disclaimer – Em todas as últimas três relações que tive, as miúdas tinham carro e casa própria. E gostei delas todas, garanto. A última deu-me a hipótese de ser dondoca, mas dessa gostava eu de cuidar dela.

PS – Com carro, casa própria e maior ordenado, considero que as coisas vão ficar mais equilibradas. Apesar de, no íntimo, acreditar na treta do amor e uma cabana.

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