14.8.09

sexta-feira, 14

Hoje não é um dia bom. Pode vir a ser e até há razões para o ser. Mas não é. Pode melhorar, é certo, mas quando os dias não são bons a esperança é pouca de que a coisa melhore. Acho que sei porque é que o dia não é bom. Há várias razões, aliás, e nenhuma delas interessa para aqui. Enquanto escrevo, oiço Samuel Úria, uma futura estrela da música portuguesa, e a música diz-me o que se passa: "Recuamos para a frente (...) avançamos para trás" reflecte uma imagem que não devia existir e que, de tempos a tempos, me aparece à frente. Lembro-me de quando, enquanto criança de 3, 4 ou 5 anos, os meus pais me compraram um balão, daqueles à séria, que voa, com hélio, no arraial perto de casa da minha avó. Chegado da festa, a sair do carro, larguei o balão. No mesmo segundo, desatei num pranto, enquanto não percebia porque o meu pai não disparou a subir pelas escadas exteriores, que se iniciavam junto à nossa garagem ao ar livre, e apanhou o balão. De certeza que o tinha apanhado, disse-lhe enquanto soluçava do choro, e pensei eu durante anos. Mais tarde comecei a questionar-me se realmente é possível largar o balão e ainda o apanhar se se subir as mesmas escadas com rapidez. A idade dá-nos a ideia que isso não é possível. E, possivelmente, não é. Um dia irei testar isso. Comprarei um balão, largo-o no mesmo sítio onde o fiz há mais de 20 anos e subirei as escadas a correr. Apanho-o, não o apanho, ou tudo depende do vento.

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