17.8.09

o benfica jogou em casa

Aos 17 anos, fui acampar, pelo segundo ano consecutivo, para o parque de campismo da Quarteira com os meus amigos. Não me perguntem porque é que decidimos ir para a Quarteira, porque, sinceramente, não me lembro da razão da escolha e actualmente não lhe encontro grande lógica, além de que não é relevante para o que vou contar. A verdade é que nesse ano, depois de uma experiência muito positiva no ano anterior, as expectativas estavam em alta. E, realmente, o ano transacto foi superado: grupo maior, mais bebedeiras, mais droga, mais miúdas e mais lições de vida. Uma delas foi a da expressão: "o Benfica joga em casa." Sim, admito que aos 17 não conhecia uma das expressões mais infelizes no português popular, e muitos dias andei na ignorância enquanto os meus amigos (mais velhos uns anos, diga-se) andavam a comentar o facto de um deles não conseguir ter sexo com uma rapariga que já tinha estado com o meu primo, que não tinha ido connosco, mas que estava no parque de campismo antes de lá chegarmos e se foi embora poucos dias depois. Acontece que, depois de esse meu amigo ter desdenhado a miúda, a conheceu e conquistou com o seu cabelo louro descolorado e espetado, até surgir a hipótese de conseguir facturar. Tudo correu bem até ele confessar que não tinha corrido bem porque o Benfica jogava em casa nos próximos dias. E assim continuou. Apesar de uma visita ao balneário misto com a dita miúda e de uma tenda partida como resultado do entusiasmo provocado nesse mesmo chuveiro, lá voltou o meu amigo para a sua vida normal no nosso bairro, frustrado e com vontade de sexo. Ora, ontem, depois de alguns jogos na pré-época melhores do que quase todos os outros do século XXI, foi com muito ânimo que os milhões de benfiquistas (sim, ontem éramos novamente seis milhões) viram a sua equipa entrar em campo, pronta a deixar o Marítimo sem andar durante uma semana. No entanto, esses milhões esqueceram-se que lidar com portuguesas não é o mesmo que lidar com as estrangeiras que cá vêm passar férias, que são despreocupadas e até se estão a lixar para o preservativo, tal é a bebedeira. Logo no início, a falta de beleza tirou logo as forças ao Glorioso, habituado a italianas e holandesas, seguindo-se uma inúmera série de cortes aos seus avanços e a uma atitude muito defensiva que espalhou a frustração por todos os que estavam a assistir. Mesmo com uma abordagem mais agressiva na segunda parte do jogo, com as várias ameaças de concretizar e as expectativas de que, no final, iríamos sair todos ainda mais felizes por ter conseguido dar a volta a algo difícil de penetrar, a coisa não correu bem. Quando estávamos quase a facturar, o nervoso levou as forças, e, no final, as coisa só se compôs porque, tal como ao meu amigo, lá lhe deram um gostinho. Só para esvaziar os tomates. E lá foi a malta para casa, meia satisfeita, mas a aguardar muito mais. Ontem percebi definitivamente a expressão do "Benfica jogar em casa".

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