28.2.08

casual friday

Sentado à secretária, de olhar vazio, decidiu não resistir. Baixou-se, desligou os cabos do computador, levantou-se, foi pendurar o casaco no cabide e voltou para o seu lugar. Quando se aproximou da sua secretária, pegou no monitor, virou-se num impulso e atirou-o contra a janela que todas as tardes lhe enchia as costas de sol. As lágrimas de raiva começaram a a cair pela cara, perante o olhar dos colegas que repartiam o escritório com ele. De seguida, pegando na confortável cadeira onde se sentava, começou a partir as restantes janelas, espetando-lhes as rodas de ferro da cadeira. Passou para os outros vidros que o rodeavam no aquário que habitava oito horas por dia e partiu-os todos. Passado 10 minutos tinha as mãos e a cara ensanguentadas dos vidros que tinham saltado no seu acto de libertação. À sua volta, todos o olhavam com naturalidade, não querendo intervir. Uns deles preferiam mesmo ausentar-se da sala. Quando acabou de partir todos os vidros e a corrente de ar já fazia voar todos os papéis soltos em cima das mesas, colocou a sua cadeira no sítio e sentou-se. Pediu desculpa aos seus colegas por se ter excedido no tempo e organizou os seus papéis para retomar o trabalho. Os seus colegas, esses, já se mexiam para ir buscar os vidros de reserva e um deles, trazia na mão um monitor de computador. Daí a oito dias seria a vez de outro. Quinze minutos de casual friday.

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