24.9.09

quase voar

Quando abriu os olhos, quase chorou. À sua cabeça vieram-lhe as imagens de toda a sua vida. Toda não, apenas os bons momentos, os de verdadeira felicidade, desde os mais escondidos recantos da memória. Continuou em frente, e a luz continuou a encher-lhe a alma. Queria nunca mais dali sair. Estava no céu. Estava no mar. Olhando para baixo, via a perfeição geométrica das pedras milenares, polidas, quase vivas. Colocadas ali por algo superior a nós. Por um Deus ou uma Ordem Matemática que nos permite respirar. Continuou em frente. Aos ouvidos chegava-lhe um matraquear que lhe relaxava os ossos. Um matraquear que provinha do silêncio que o envolvia e parecia não o querer libertar. Continuou e olhou em frente, onde não conseguia ver o fim, e depois para cima, onde a luz o chamava, parecendo atraí-lo para um novo mundo, pleno de tudo. Decidiu continuar, mais um pouco, até que as pedras se afastaram e decidiu ir em direcção à luz. Já não tinha ar.

1 comentário:

Érica Lenita Blog´s disse...

Amei este texto! Lindoooooo o blog!

abraço...