21.9.09

a igreja precisa de amigos

Ponto prévio I: sou católico;
Ponto prévio II: tive uma educação católica quase extremista, para um gajo nascido nos anos 80 (tenho quatro de sete sacramentos - baptismo, primeira comunhão, profissão de fé e crisma, e sou padrinho de baptismo, de crisma e, mais recentemente, de casamento);
Ponto prévio III: fui à missa quase todos os fins-de-semana durante cerca de 12 anos e tive participação activa em três ou quatro;
Ponto prévio IV: compreendo que uma religião tenha dogmas inamovíveis e considero que a alteração das principais crenças e hábitos é contra-senso numa religião ancestral.

Mas no passado sábado, enquanto ouvia a homilia (para os leigos, a homilia é a parte da missa em que o padre descodifica as três leituras anteriores e tem um discurso "livre" de evangelização) durante o casamento de um amigo, apercebi-me que a Igreja Católica e muitos dos seus pastores são como aqueles nossos ex-colegas de 5º ano do ciclo que, de tanto quererem ter amigos, eram chatos de irritar e gozados por todos. Até podiam ter coisas interessantes para dizer, mas ninguém suportava o facto de terem as calças até aos mamilos, de se cuspirem todos e terem uma pasta branca nos cantos da boca, de usarem botins, de terem melhores notas que nós e de falarem como o José Hermano Saraiva sobre temas que não eram o Benfica, as nossas colegas ou a Ana Malhoa no Buéréré. A diferença para a Igreja é que agora, passados vários anos, muitos eles mantiveram a mesma conversa, mas conseguiram actualizá-la, o que resultou num maior grupo de amigos.

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