21.12.07

morto de cansaço

As pernas tremiam-lhe enquanto descia a rua. Era íngreme. Olhou para o lado e reparou que uma loja que gostava já estava fechada. Na porta viu os nomes em português e estranhou. Não deviam estar em espanhol? Sei que ele é espanhol. Despertou quando percebeu que já estava a pensar em castelhano. Sentia-se cansado, sem força. E isso baralhava-lhe os pensamentos. Está a ser assim desde a noite de branco. Passou pelo maralhal de gente que ocupava a rua mais abaixo e rezou para não se cruzar com ninguém conhecido. Não cruzou e seguiu caminho, tentando não cair. A rua era cada vez mais inclinada. Aguentou-se e, passado 5 minutos, entrou no carro, percebendo que tinha fumado demasiados cigarros. Seria por isso que se sentia assim?...esgotado. Não. Por isso temia que fosse sempre assim daqui para a frente. Chegou a casa e sentou-se no sofá. Olhou para a garrafa de sumo e de vodka que tinha trazido do topo do mundo. Não vou beber mais álcool. Estou farto. Sabe mal. Encostou-se ao sofá sem tirar o casaco. Pegou na arma a custo e, antes de premir o gatilho, sorriu, pensando que, finalmente, ia poder descansar.

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