2.11.07

As recordações voltam com o frio

A casa está gelada, disse ela mal punha o pé dentro do apartamento. Ele, contente, via nisso um convite ao abraço e tentava aquecê-la, esfregando-lhe os braços. Vamos para a cama!, dizia a tremer. Não tinham sequer passado nem cinco minutos desde que tinham chegado. Na altura não havia sala, eram só caixotes por desempacotar. Ele andava demasiado feliz e sem dinheiro para montar uma casa ou para se preocupar com isso. E também sabia que isso não era preciso. Ela gostava dele assim, simples, sem dinheiro e com uma casa que era o seu universo paralelo. Para garantir isso até estava disposta a pagar. Protegiam-se um ao outro dos males distintos que ambos viviam. Não queres comer nada?, perguntava ele, enquanto ela já se despia para se enfiar na cama, o único local que prometia calor naquela casa. Não, vem para aqui, tenho muito frio. Mal se enfiava na cama, aquele corpo alvo tremia de frio. Ele, tentado, despia-se rapidamente, fechava a porta para impedir correntes de ar [um gesto que era gozado] e entrava dentro da cama. Lá dentro, agarrava-se a ela durante cinco minutos, tentando cobrir o máximo do corpo dela, para a aquecer. Já sabia que depois disso vinha o sexo mais fantástico, seguido da melhor conversa de cama. Vamos pedir só mais quatro noites como esta. Resposta: Sim, mais quatro noites. A contagem acabou quando o frio se foi embora.

1 comentário:

Catarina disse...

O meu ninho de ratos...